Capítulo 2
Os Primeiros Passos
“botou na bolsa umas mentiras pra contar, deixou para trás os pais e namorado...Um passo sem pensar, um outro dia, outro lugar ”
Meu primeiro namorado foi aos 12 anos, muito nova e um escândalo para a cidade que já convivia com o fato de minha mãe ter me dado a luz cedo. Mas ao passar dos meses, já estavam todos acostumados e eu vivendo minha primeira invenção de amor. Todo mundo acha que o primeiro namorado é o seu amor, mas na verdade é sua invenção, pelo menos o meu foi, porque além de achar que eu o amava e que ele era o homem da minha vida, eu inventava pensamentos, sonhos, enfim, a única coisa que posso afirmar sobre o primeiro namorado é que ele será lembrado para sempre, nunca se esquece. Já vivi muitas coisas com tão pouca idade, mas em todas elas o Carlos teve presente em minha lembrança. E há quem diga que isso é amor, quem fala isso realmente não conhece o amor, porque até hoje ninguém sabe o que é o amor e muito menos se aquele sentimento forte que sente é realmente o significado de amor. Você ai sabe o que é realmente o amor? Não estou aqui dizendo que ele não existe, claro que deve existir, alguém no mundo já deve ter vivido isso, porque se a palavra existe é porque esse sentimento existe. Espero que 99% das pessoas que não sabem e nem nunca sentiram sintam, porque deve ser muito bom dar e receber amor.
O namoro acabou quando decidi ir embora e deixar tudo de lado. Eu queria muito mais do que um namorado simples, que vivia para mim, vivia a minha sombra. Comecei a preparar minha saída por dias e dias, não teria coragem de contar a minha mãe que estava jogando tudo pra cima e largando Brejo das Freiras para me encontrar em outro mundo, no mundo de meus livros, revistas e músicas.
Uma certa noite já com a passagem comprada para Salvador, deixei um bilhete falando que voltava e que a amava acima de tudo e parti para o primeiro grande passo de minha vida.
Fui para a rodoviária não sabendo ao certo se o que eu estava fazendo era bom ou mal, mas fui. Não me arrependi, gostei de ter tido uma atitude certa. Essa vontade era como o ar, era vital para a minha vida, eu precisava fazer pela primeira vez aquilo que eu tinha vontade de verdade.
Fui ouvindo minha banda preferida durante as quase 20 horas de estrada, mas tava certa de que minha vida iria tomar outro rumo a partir dali e que eu iria voltar e buscar minha mãezinha naquele lugar e deixa-la um pouco mais feliz.
Descobri nesse meu primeiro passo que sou a Miss Imperfeita, mas ao mesmo tempo sou tudo que qualquer pessoa gostaria de ser. Não é por falta de nada e sim por excesso de tudo. Loucura não é? Mas o que seria da vida sem uma dose de loucura?! Feche os olhos e sinta, deixa a brisa da noite entrar em você, sente-se sob a luz da lua e deixe tudo de bom ou ruim chegar a sua mente, imagine o quanto você aprendeu com tantas experiências e não se culpe, não pode existir culpa, só prazer e a certeza de que foi tudo para seu amadurecimento.
Taí uma palavra que gosto Amadurecer, isso não significa o números de velinhas que você vem soprando ao longo de sua vida, significa o quanto você aprendeu com as pedras e flores que o destino te mostrou. Você lembra de quantas vezes você sorriu de uma forma sincera e realmente feliz? Você sabe o que é ser feliz? As vezes esse sentimento felicidade está tão perto de você, mas a gente faz de tudo para esconde-lo e fingir que ele não existe. Quantas vezes a alegria de viver estava do meu lado e eu olhei, pensei e deixei de lado, cada um de nós em algum momento da vida já fizemos isso e depois olhamos para trás, porque sempre por mais que leve anos e anos a gente termina olhando para trás e se culpando por ter deixado sumir tanta coisa que significaria a tal felicidade.
Cheguei em Salvador e me hospedei em um albergue situado no bairro da barra, lugarzinho bacana, sem muito “conto de fadas”, mas ali estava começando a minha nova vida de liberdade extrema e de sonhos guardados prontos para se tornarem reias.
Minha primeira vontade de liberdade foi passear e conhecer o lugar onde resolvi viver. Pergunta daqui, pergunta dali e conheci alguns locais bacanas e alguns úteis para minha longa ou curta estadia, ainda era muito cedo para pensar em algo mais concreto.
Mesmo cansada da viagem resolvi sentar na praia para olhar o mar, aquela imensidão de azul que refletia a luz do sol e nos presenteava com uma bela paisagem. Chorei ao lembrar de minha mãe, chorei ao pensar que agora seria eu e eu, chorei ao pensar em não conseguir, chorei de medo de tudo, mas me acalmo e penso que quantas coisas nessa nossa vida perdemos ou deixamos de fazer apenas por Medo.
Naquele local jurei não mais sentir medo e não deixar jamais de lutar por tudo aquilo que eu julgava bom pra mime para minha felicidade pessoal. Eu estava ali pela primeira vez me conhecendo, estava enxergando dentro de mim, me sentia bem e ao mesmo tempo anestesiada.
Estava preparada para tudo, não seria fácil mas eu chegaria lá.
O mundo estava ali, Deus já me deu o pincel e cabia a mim, somente a mim criar, desenhar e pintar o meu caminho.